segunda-feira, maio 30, 2005

Da série 'Desabafos Desastrosos'

No caminho pra casa, vim pensando por onde eu começaria a discorrer sobre meus sentimentos da noite. Tive momentos de euforia, de alegria profunda, de prazer, de risos e, de repente, tudo isso desapareceu pra dar lugar à magoa, à vergonha, à baixa auto-estima, a uma tristeza negra e densa. Eu tinha tudo pra ter sido muito feliz hoje e, no entanto, me sinto a pessoa mais triste. Eu gostaria de entender o que há de errado comigo. Entender porque eu não consigo aceitar as coisas exatamente como elas são e não sofrer com essa realidade. Queria que as pessoas me olhassem e vissem em mim algo especial, diferente.
Toda a superficialidade dessa cidade me irrita. Penso nas moças ricas, filhas de políticos, empresários, grandes médicos, que nunca ralaram na vida e gastam rios de dinheiro com uma verdadeira reforma corporal e noitadas vazias. Penso nos rapazes bonitos, simpáticos e, obviamente, ricos também, que passam algumas horas trabalhando, algumas outras malhando em alguma academia da moda e outras tantas se divertindo com os amigos em busca de uma patricinha mal intencionada e loira. Penso nos casais formados por castas puras. E tudo isso me enoja. Por que é tão difícil olhar alguém e enxergar além do físico? Por que as pessoas não querem mais se dar a esse 'trabalho'?
Essa noite eu conheci pessoas legais, reencontrei amigos de colégio, de faculdade e de baladas, cumprimentei quem me conhecia de vista mas nunca tinha me cumprimentado (e foi bom poder ver o sorriso sincero dessa pessoa pra mim), dei tchau pra desconhecidos, encarei homens bonitos, critiquei mulheres mal vestidas e me diverti. Mas também me calei quando eu mais precisava falar; emudeci diante da situação que mais esperei que me acontecesse. Recuei quando eu mais precisava ir em frente.
Eu trago no coração dois sentimentos que, embora distintos, me fazem sofrer na mesma proporção: o de me arrepender por não ter dado valor a algumas pessoas que me eram importantes; e o de impotência, que me faz desejar alguém e, ao mesmo tempo, odiá-la por ser tão amável e por simplesmente se esquivar dos meus comentários sinceros (demais). O primeiro deles eu vou carregar pra sempre comigo: tenho mãe e amigas que me recordam o tempo todo de alguns erros que cometi no passado. Talvez eu saberia lidar com as perdas hoje se não precisasse sempre me arrepender delas. O segundo sentimento me machuca menos, porque eu o defino como um amor platônico, meio fraterno, meio carnal. Um amor que se expressa nos olhinhos mais doces que já vi e me faz tão bem que sofro mais pensando como será quando ele se acabar do que com a ausência (e todas as outras dores) que ele me traz.
Tenho que mudar a minha vida. Tenho que sentir prazer em viver, prazer nas minhas atividades, no meu contato com amigos, fazer as coisas da maneira certa, no tempo certo. Eu não nasci pra perder, nem vou sobrar de vítima das circunstâncias. Preciso aprender a olhar a vida sob um novo ângulo. Preciso sentir amor por tudo que faço. Só assim conseguirei não me sentir tão inútil nesse mundo.

3 comentários:

lipe disse...

Isso é hora de postar? Quatro e cacetada da manhã de domingo... eu ainda vou ter uma boa vida dessas ;)

Quanto o post em si, achei que você escrevia sobre a minha cidade, Juiz de Fora - MG, até a parte em que falou de moças e rapazes ricos. Aqui o pessoal bebe água e arrota whisky 12 anos, sendo tão superficiais quanto seus conterrâneos daí. Também me irrita.

Será que jogar uma bomba na festinha deles resolve o problema? Estou começando a entender como surgem os terroristas :P

Beijocas, moça :*

Anônimo disse...

Mila, existem muitas pessoas que pensam exatemente como vc......criticam as atitudes fúteis de uma sociedade que venera o Fútil.....mas acho ao mesmo tempo que você não deve levar essas pessoas tão a sério, sob o risco de realmente perder tempo com isso.....vc faz sua história.....é preciso criar seus caminhos e construir sua vida.....o resto é perda de tempo....vai por mim, já critiquei demais em meus pensamentos essa gente e eles não mudaram um milímetro....

Abração,
Paulo

Anônimo disse...

Ô Mila...
Agora sei porque vcoê não deixava eu dormir com o 'tec tec' do teclado... Estava desabafando aqui no blog.
Bom, minha amiga...
Não sei se minha opinião faz diferente, mas: vejo algo especial em você! :)
Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado você em minha vida. Uma pessoa divertida, sincera e realmente AMIGA. (Não..Realmente eu não consigo escrever pra você sobre você sem chorar!). E sabe o que realmente te torna especial pra mim? O fato de você não ser superficial como toda aquela gente que vimos ontem.
Ontem também me senti "A estranha no ninho" :/ Não achei a mínima graça estar lá... Definitivamente, lá não é o meu lugar. Mas temos que aprender a conviver com estes tipos de pessoas.
Em relação ao seu sentimento, o de arrepender. (Falou até de mim! #) *rs). No filme que assistimos hoje, a Jenny pergunta pra mãe se ela se arrependeu de ter falto algo na vida e que gostaria de mudar. E ela disse que não, pois não acertaria se não tivesse aprendido com a perda. Então, creio que já aprendeu! (E prometo não te recordar mais! :P)
Amo muito você!
Estou aqui para o que precisar..E torcendo pra que você encontre o seu caminho!
Beijos :***