segunda-feira, julho 11, 2005

Amor aos borbotões ou 'Eu não consigo amar em conta-gotas'

Sempre gostei de coisas óbvias. Nunca entendi o por quê das sutilezas nos sentimentos.

Muitas vezes eu esperava comportamentos passionais de pessoas com quem me relacionava. E em troca eu recebia disfarces, frases discretas, gestos comedidos e placas de desvio. A verdade é que existe por aí gente muito mais cuidadosa do que eu.

Eu sempre quis que a reciprocidade dos meus sentimentos fosse escancarada. Aberta, exagerada. Meu amor num out-door escandaloso de cores fortes em plena Av. 85, rodeado por luzes de neon e amplificadores potentes emitindo hard rock. Nunca me permiti parar pra pensar em terceiros. Nunca arquitetei meus sonhos de maneira a não deixar que outras pessoas - além de mim e da pessoa amada - participassem deles. Eu nunca tive a malícia de perceber que existe inveja e que ela pode, de fato, atrapalhar e acabar com um sentimento nobre entre duas (ou mais) pessoas. Eu nunca aceitei o que minha mãe sempre dizia sobre o silêncio ser o segredo do sucesso.

Nesses últimos dias, tenho percebido que não importa o quão ocupada seja uma pessoa: se ela tem amor próprio ferido, ou algum outro sentimento mal resolvido com alguém, vai tirar tempo da gaveta mágica (que seja) pra bisbilhotar a vida alheia e descobrir detalhes que possam ser importantes pra uma possível revanche. Ou chantagem. Ou conquista.

Eu tenho descoberto a cada dia o que o poeta quis dizer com 'falais baixo se falais de amor...' (Shakespeare).

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