sexta-feira, junho 17, 2005

Minha doçura não encanta mais ninguém.
Minha boa educação já não é um diferencial.
Quando olham pra mim, não vêem o coração generoso que eu trago no peito.
Não valorizam mais as minhas verdades e nos meus planos ninguém mais crê, nem mesmo eu.
Eu olho, mas não enxergo.
Eu escuto, mas não ouço.
Eu toco, mas não sinto.
Eu quero, mas não ouso.
Eu finjo suportar a dor e abro um sorriso, tentando disfarçar lágrimas involuntárias.
Eu não sei mais quem sou. Sei que estou, que vivo, que tento - mas não consigo.
E tudo que eu quero me lembra o quão longe eu estou de chegar à fonte.
E o deserto está em mim. Eu sou areia, feita de chumbo. Nem o vento me leva pra outro lugar.
Sempre encontro pessoas com objetivos diferentes dos meus. E quando encontro quem tenha os mesmos, invento uma desculpa qualquer e mudo logo - de objetivos e de assunto. Eu tenho medo.
Tenho receio de revelar o quão infeliz eu sou e não suportar essa realidade. Sim, sou covarde.
E sou orgulhosa. Ter que depender de alguém - e isso vale pra qualquer tipo de dependência - emocional, física, financeira -, por me deixar tão vulnerável, me faz extremamente frustrada.
Eu quero chegar ao topo, mas me falta o degrau.
Então só me resta olhar pra cima e suspirar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo texto, me identifiquei completamente.