terça-feira, outubro 18, 2005

It's all about me

Ainda que eu dispusesse de todas as linhas do universo, provavelmente não conseguiria me descrever. E, ao mesmo tempo, acho que seria capaz de me definir em apenas algumas palavras. No entanto, descrever-se é um ato limitado; é como olhar-se num espelho que reflete absolutamente tudo - mas você só consegue ver uma parte porque não tem olhos na nuca. Ou, ainda, como olhar através de um imenso vidro opaco: o que se vê é apenas um borrão, uma sombra. Descrever-se é como olhar por um único ângulo: o seu. Somos, de verdade, produtos do meio. E por isso somos muitos, embora sejamos um só.

Para amigos, sou divertida, tagarela, crítica, auto-controlada ao extremo, perfeccionista, companheira e alguém cuja memória visual é impressionante.

Para namorados (um de cada vez, é claro), sou carinhosa, nada ciumenta, um pouco carente, independente e mandona. Boazinha, educadinha, mas que vira bicho e bruxa quando sofre uma decepção.

Para ex-namorados, sou um pé no saco, uma sacana sem coração e, às vezes, uma neurótica que não sabe conviver com diferenças e muda de idéia sempre que pisca os olhos.

Para minha mãe, ainda sou uma criança, que não sabe onde mete o nariz (e nunca vai ser dona dele).

Para meu pai, eu sou uma lembrança.

Para minha família, sou a ovelha negra, desobediente, cômica, sem vergonha e engraçada. Apesar disso, amada.

Para meus ex-colegas de faculdade, sou a mala CDF, que conversava demasiadamente durante as aulas, ia para o boteco toda santa-sexta (e, às vezes, segunda, terça, quarta e quinta também), nem ao menos sabia a data das provas e mesmo assim, tirava boa nota. A cúmplice, que passava cola e às vezes pegava também.

Para desconhecidos, sou ninguém. Pareço ser o que não sou. Talvez alguém com excesso de auto-confiança.

Para Deus, eu sou a menina-dos-olhos, um pouco rebelde mas, embora corrigida, infinitamente amada. A flor do jardim, a pedra preciosa. A irmã, a filha, a serva.

Para mim, ainda sou a garota tímida, com medo da vida e das responsabilidades, mas que sonha tão alto quanto a imaginação pode permitir. Eu me vejo como uma mulher, embora ainda existam em mim inúmeras características de uma criança. Trago impressos em minha personalidade traços marcantes, construídos pela necessidade, obtidos por experiências boas e más, adormecidos pela vontade de ser uma pessoa melhor. Carga genética das melhores. Competente, responsável, prática, inteligente. Respondona, justa, sincera sempre. Alegre por natureza, mas que fica triste e depressiva sem hora certa e que sabe de onde vêm esses 'desejos de morte ou de dor'. Carente crônica. Alguém que ainda não conheceu a dádiva de ser amada e poder corresponder à altura. Desejo em forma de gente. Ainda um incógnita. Única, embora inúmeras.

Pra você talvez eu seja uma louca, uma poeta, uma a toa (capaz de gastar o precioso-tempo-que-não-volta escrevendo um texto expressando sentimentos de terceiros com relação à minha própria pessoa). Talvez pretensiosa demais, oferecida, problemática. Devassa, ladra de namorados, mal educada, prepotente, convencida. Uma falsa gorda (ou talvez verdadeira). Talvez eu seja só mais um rostinho bonito (ou não). Amiga da fulana, uma conhecida, alguém que você acha que viu por aí. Apenas pessoa bacana, com bom senso de humor. Alguém que você não faz questão de conhecer. Pra você eu posso representar muita coisa (boa ou ruim)... ou não representar nada.

Tire suas conclusões.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pra mim:
é uma IRMÃ!
Te amo!
:***